sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Todos os dias ela corria até a janela para vê-lo partir. Eram breves aqueles instantes. Não mais tempo havia senão para um sorriso, e, um leve cumprimento. Ela com os olhos em queda, e, um leve rubor de faces. Ele com o aceno de chapéu, e, um sorriso de disfarces. Ninguém os via, e, mesmo parecia que todo o mundo por aqueles instantes parasse. Eram somente aqueles dois os personagens, das manhãs de céu entorpecente. Mas, um dia, ele não apareceu. E, nos dias seguintes também. Seu rosto
empalideceu por imaginar algum mal àquele que só via passar. Passou a esperá-lo ainda mais cedo,
quando ainda não se podia ouvir as cotovias. Mas, quão
desgastadas eram aquelas esperas, que
logo o corpo franzino se deixava roubar pelo sono. Acordava já, sentada, na cadeira de balanço que colocava sempre em frente à janela. Ouvia passos. Corria, mas nada mais via. As manhãs eram cortantes. A janela agora nem mais se abria. O sorriso murchou. E, a felicidade, uma simples promessa de quem nunca mais, por ali, passou.

Engraçado como certos amores se perdem no caminho!

Flávia Barreto

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Indignação Sufocada

Entope mais o esgoto,

Assim como tua boca destampada se omite em meio à voz igualitária.

Olha cada pingo de suor teu se transformando em gotículas de uísque importado,

Que nem por tua garganta passa.

Liga o noticiário pra curar tua solidão, aproveita e ver qual foi a tragédia de hoje:

“É Fan tas ti co;

- Boa noite pra vocês!

No Rio de Janeiro só de mortes registradas já têm 436.”

Note que quem há de mudar é você.

A violência continua, tem gente que ainda faz disso brincadeira.

Mas a TV te entende, anula, quiçá, a culpa tua.

Ou a culpa é do ‘artista de sinal’ que cheira cola pra saciar a fome?

E quanto a cola mal passada no colégio?

Educação, educação!

Foi o que restou, minha indignação.

(Camilla Matos)

O Motivo para o Súbito Silêncio das Minhas Palavras

Ando ganhando a vergonha de escrever e isso me tem feito abandonar pela metade a maioria dos meus textos. Ando desacreditando no poder das palavras, escrevendo pouco e lendo menos ainda. O motivo pelo qual comecei a escrever já não existe mais e eu tento inventar alguma nova razão que me de inspiração, coragem e concentração para continuar essa "terapia" que encontrei nas escritas. Mas a vida me desilude. Sempre tive a sorte (ou azar) de sentir demais a maioria dos sentimentos e isso me fez ganhar (e perder) muitas coisas e pessoas. A "terapia" das palavras me foi receitada pelo meu coração assim que me apaixonei pela primeira vez. Taduzia em escritas tudo o que o meu coração sentia e a minha voz era incapaz de pronunciar.Sempre fui sincero em tudo o que escrevi e essa gigantesca sinceridade que anda me fazendo não querer mais escrever. Eu perdi a sinceridade das palavras ao aprender a mentir com uma das pessoas que inocentemente amei. E eu não quero voltar a escrever até ser tomado por novos sentimentos que façam as minhas mãos perderem o controle outra vez.
O amor nos tira as palavras e nos da a vontade de escrever.
Estou vivendo uma curiosidade dentro do meu coração, espero que seja o meu novo amor. Espero poder viver tudo o que penso estar sentindo


(Yuri Dultra)

E lá fui eu, mesmo não estando com a mínima vontade de ir, entrei, sentei, observei ao meu redor, e um certo alguém chamou minha atenção, nossos olhares se cruzavam, não apenas por uma vez, mas essa cena se repetia com a mesma intensidade pela qual minha mente sentia a curiosidade de saber alguma informação sobre quem ele seria, mesmo tentando prestar atenção em outras coisas, eu não conseguia desviar o olhar, e no fundo eu queria que essa sensação fosse recíproca, e achava que era, mesmo sem ter certeza de nada naquele momento. De repente algo nos faz rir, e surge entao naquela face o sorrizo mais lindo que meus olhos já tiveram o prazer de apreciar, e isso me encantava ainda mais, mas tive que ir embora e sem ter pronunciado nenhuma palavra, partí. Possa ser que eu não mais o veja, mas se um dia o reencontrar quem sabe nossa comunicação ultrapasse aqueles simples olhares com fundo de desejo.
(Isteice Santos)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Mentiras

Ele mentiu. Todo o amor que ele jurava não era verdade, nunca te amou. Ele brincou com seus sentimentos e você inocente, acreditou em todas as baboseiras que os apaixonados falam. Não seja boba, ele apenas disse o que você queria ouvir.
Você foi a mais leal possível. Entregou-se de vez a esse amor que parecia tão sincero, mas não era, era apenas uma mentira. Ele mentiu, muitos mentem e vão continuar mentindo até que destruam toda a ilusão que criaram na nossa mente.

É isso, os homens são ilusionistas, por mais que acreditemos que tudo o que dizem é verdade, em algum momento acabamos descobrindo coisas que nos provam o contrário e sempre nos magoamos no final.
Acreditar nas pessoas é muito fácil. Difícil é não se enganar com elas.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Medo de se Apaixonar

Você tem medo de se apaixonar. Medo de sofrer o que não está acostumada. Medo de se conhecer e esquecer outra vez. Medo de sacrificar a amizade. Medo de perder a vontade de trabalhar, de aguardar que alguma coisa mude de repente, de alterar o trajeto para apressar encontros. Medo se o telefone toca, se o telefone não toca. Medo da curiosidade, de ouvir o nome dele em qualquer conversa. Medo de inventar desculpa para se ver livre do medo. Medo de se sentir observada em excesso, de descobrir que a nudez ainda é pouca perto de um olhar insistente. Não suportar ser olhada com esmero e devoção. Nem os anjos, nem Deus agüentam uma reza por mais de duas horas. Medo de ser engolida como se fosse líquido, de ser beijada como se fosse líquen, de ser tragada como se fosse leve. Você tem medo de se apaixonar por si mesma logo agora que tinha desistido de sua vida. Medo de enfrentar a infância, o seio que criou para aquecer as mãos quando criança, medo de ser a última a vir para a mesa, a última a voltar da rua, a última a chorar. Você tem medo de se apaixonar e não prever o que pode sumir, o que pode desaparecer. Medo de se roubar para dar a ele, de ser roubada e pedir de volta. Medo de que ele seja um canalha, medo de que seja um poeta, medo de que seja amoroso... Medo de que seja um pilantra, incerta do que realmente quer, talvez todos em um único homem, todos um pouco por dia. Medo do imprevisível que foi planejado. Medo de que ele morda os lábios e prove o seu sangue. Você tem medo de oferecer o lado mais fraco do corpo. O corpo mais lado da fraqueza. Medo de que ele seja o homem certo na hora errada, a hora certa para o homem errado. Medo de se ultrapassar e se esperar por anos, até que você antes disso e você depois disso possam se coincidir novamente. Medo de largar o tédio, afinal você e o tédio enfim se entendiam. Medo de que ele inspire a violência da posse, a violência do egoísmo, que não queira repartir ele com mais ninguém, nem com seu passado. Medo de que não queira se repartir com mais ninguém, além dele. Medo de que ele seja melhor do que suas respostas, pior do que as suas dúvidas. Medo de que ele não seja vulgar para escorraçar, mas deliciosamente rude para chamar, que ele se vire para não dormir, que ele se acorde ao escutar sua voz. Medo de ser sugada como se fosse pólen, soprada como se fosse brasa, recolhida como se fosse paz. Medo de ser destruída, aniquilada, devastada e não reclamar da beleza das ruínas. Medo de ser antecipada e ficar sem ter o que dizer. Medo de não ser interessante o suficiente para prender sua atenção. Medo da independência dele, de sua algazarra, de sua facilidade em fazer amigas. Medo de que ele não precise de você. Medo de ser uma brincadeira dele quando fala sério ou que banque o sério quando faz uma brincadeira. Medo do cheiro dos travesseiros. Medo do cheiro das roupas. Medo do cheiro nos cabelos. Medo de não respirar sem recuar. Medo de que o medo de entrar no medo seja maior do que o medo de sair do medo. Medo de não ser convincente na cama, persuasiva no silêncio, carente no fôlego. Medo de que a alegria seja apreensão, de que o contentamento seja ansiedade. Medo de não soltar as pernas das pernas dele. Medo de soltar as pernas das pernas dele. Medo de convidá-lo a entrar, medo de deixá-lo ir. Medo da vergonha que vem junto da sinceridade. Medo da perfeição que não interessa. Medo de machucar, ferir, agredir para não ser machucada, ferida, agredida. Medo de estragar a felicidade por não merecê-la. Medo de não mastigar a felicidade por respeito. Medo de passar pela felicidade sem reconhecê-la. Medo do cansaço de parecer inteligente quando não há o que opinar. Medo de interromper o que recém iniciou, de começar o que terminou. Medo de faltar as aulas e mentir como foram. Medo do aniversário sem ele por perto, dos bares e das baladas sem ele por perto, do convívio sem alguém para se mostrar. Medo de enlouquecer sozinha. Não há nada mais triste do que enlouquecer sozinha. Você tem medo de já estar apaixonada.

(Carpinejar)

Amanhecer



Aproveitando a solidão do amanhecer você pensa em toda a sua historia, nas suas mentiras sem fundamentos, todos os amores assolados ao decorrer da sua vida, todo o caminho que você conseguiu trilhar até tal momento e o porquê de você estar sozinho, pensativo e acordado às 5h da manhã olhando para o teto do seu quarto à meia luz do dia.
O futuro chegou e você não sai do lugar, tem tudo o que sempre quis, mas isso ainda não te deixa feliz. Só consegue pensar no que falta pra te completar.
Que tal um amor?

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Prece


Cinco e meia da manhã e ele admirava cada detalhe da face dela enquanto dormia. O Formato arredondado do rosto, as perfeitas sobrancelhas, a forma oriental de seus olhos verdes, maquiagem um pouco borrada, nariz pequeno, afilado e empinado e seus lábios carnudos entreabertos que imploravam por um beijo de cinema. Ele não cansava de olhar aquele anjo em sua frente. No mesmo momento ele aproveitava pra agradecer a Deus por ter-lhe presenteado com, um tão valioso e tão verdadeiro, amor.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Intrigante²



Ele caminhou em círculos pela sala até que seus pés ficassem doloridos e cheios de bolhas. Ela o acompanhava com os olhos, calada, foi buscar água quente e ataduras para lavar e cobrir as doloridas bolhas vermelhas do seu companheiro. Eles não se falaram nem se olharam durante horas. O silêncio incômodo e o perfume de rosas dela eram as únicas coisas que se expressavam no ambiente.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Merthiolate e Band-Aid colorido por favor?





















A gente cai, se machuca, sofre um pouco, mas sempre que a dor passa, sempre passa, nos levantamos e seguimos em frente, prontos ou não para cair mais uma vez.

Desde crianças aprendemos a nos lavar com agua e sabão, colocar um pouco de Merthiolate e cobrir com um band-aid coloridinho para esperar a ferida cicatrizar. Aprendemos a nos virar e que podemos concertar algumas coisas em nós. Nada que um pouco de tempo não resolva.

As vezes entendemos na primeira queda. Outras vezes precisamos mais de um tropeção para dar-nos conta de que estamos fazendo algo errado.

Tudo que resta no fim de nossas vidas são as marcas e cicatrizes de todas as dificuldades e apuros que passamos ao decorrer de nossa árdua caminhada. Essas marcas servem para provar toda a sabedoria que adquirimos com o passar do tempo.