quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Cicatrizes


Colaram meu coração com ‘durepox’, amarraram com fitinha e deram um laço! Secaram o sangue espalhado que me encharcava, me deram banho e me puseram pra dormir. Durmo e não sei com quem sonho, só sei que não é com você. Estou curada, agora só restam cicatrizes que eu faço questão de esconder. Conto até dez, respiro fundo e sigo em frente.

Sou uma espécie de borboleta que morre e nasce todos os dias, e que a cada amanhecer sente dificuldades em voar por causa do peso dessas marcas, desse presente que fez questão de acobertar meu sofrimento. Algumas vezes essas chagas ainda doem. Um dia seu nome foi açúcar em minha boca.

Meu coração remendado está cansado. Cansou de sofrer, de pulsar em vão por alguém como você. Minhas asas já estão pesadas e a cada dia fica mais difícil levantar meu voo. Já não tenho mais forças pra gritar por seu nome.

 

Flávia Barreto e Lara Delgado

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